A segunda ocorrência mais grave do mundo em terminal de armazenamento de combustíveis: esta é a classificação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo para o incêndio que, no início de abril, destruiu seis tanques de etanol e gasolina da empresa Ultracargo localizados na área retroportuária de Santos, no bairro da Alemoa, causando prejuízos de toda espécie naquela região do litoral paulista, principalmente de ordem ambiental.
Para evitar que eventos do tipo ocorram novamente no Brasil, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) vai realizar no dia 20 de maio, em parceria com o Corpo de Bombeiros, a Prefeitura Municipal de Santos e a Associação dos Engenheiros e Arquitetos local (AEAS), um fórum que contará com a participação de várias instituições interessadas no estudo do caso, visando à apresentação de propostas que possam aprimorar as atividades de prevenção contra incêndios e inspirar legislações que imponham exigências mais rigorosas nas áreas da segurança e preservação do meio ambiente.
Também são esperados para o encontro, que acontecerá na sede da AEAS (Rua Dr. Artur Porchat de Assis, 47 - Boqueirão, Santos), representantes da Associação Brasileira de Normais Técnicas (ABNT), da Petrobrás, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP), da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), da Associação Brasileira de Terminais Líquidos (ABTL), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de Prefeituras vizinhas, órgãos de Defesa Civil e outros convidados.
Constam da programação palestras sobre o que ocorreu durante os nove dias de incêndio na Alemoa e sobre o que pode melhorar na regulamentação das atividades de segurança nas indústrias que operam produtos químicos perigosos. Dentre outros palestrantes, o Crea-SP se pronunciará a respeito do exercício profissional no setor de terminais e a Cetesb fará uma exposição sobre o impacto ambiental causado pelo incêndio.
O que precisa melhorar em situações de risco
Em reunião preparatória do evento, realizada na sede do Crea-SP, o Coronel PM Cássio Armani, Coordenador Operacional do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, declarou que “o Corpo de Bombeiros desempenhou grande esforço para o controle do incêndio na Alemoa, mas houve problemas de despreparo, em termos de equipamentos, para a situação tão pouco recorrente. Com equipamento adequado para a ocasião, a Petrobrás foi fundamental na ação de resfriamento dos tanques e do entorno”. Segundo os organizadores do seminário, “o Corpo de Bombeiros precisaria dispor de equipamentos similares aos da Petrobrás para combater esse tipo de sinistro”.
Outra questão que também deverá ser discutida no encontro em Santos refere-se a planos de evacuação da população em caso de emergência, o que envolveria ações da Defesa Civil e de setores específicos das Prefeituras. “Na Alemoa tivemos a elevação de gases perigosos e, se os níveis de tolerância fossem ultrapassados, seria muito complicado organizar a evacuação de cidades inteiras, como Santos, Cubatão e Guarujá. Afinal, não se deve esquecer que registramos o segundo maior incêndio em terminais do mundo, com risco real de se transformar numa tragédia de maiores proporções” – disse Armani.
Segundo o Presidente do Crea-SP, Eng. Francisco Kurimori, “o nosso papel é promover o debate com a sociedade, para estimulá-la a se preparar melhor, de maneira preventiva e também, eventualmente, de maneira corretiva, para que nós tenhamos uma segurança melhor para a população”.
“Desde o incêndio no Edifício Joelma – continua Kurimori – o Crea-SP mantém sua parceria com o Corpo de Bombeiros. O que ocorreu em Santos foi falha da Engenharia e a solução deverá vir da Engenharia”.
Nas reuniões preparatórias do evento concluiu-se que “o encontro dessas instituições parceiras com autoridades políticas prevê longa jornada de eventos para formular propostas de novas legislações.
Produzido pelo Departamento de Comunicação do Crea-SP